As organizações de saúde a nível mundial têm escolhido alguns meses para realizar campanhas de combate e prevenção a algumas doenças caracterizando-os por cores, e o mês de setembro é o mês da campanha de prevenção ao suicídio (a cor é o amarelo). As entidades ligadas à saúde mental se mobilizam em torno do combate ao suicídio em função do número de ocorrências no mundo – mais de 800 mil pessoas ao ano cometem suicídio no mundo; para cada suicídio efetivado há 20 tentativas frustradas e, no Brasil, cerca de 32 pessoas, por dia, põem fim a própria vida.
Nos últimos 10 anos, aumentou em 40% os casos de suicídio de crianças e adolescentes- estima-se que seja a terceira causa de morte na adolescência. Todos nós, precisamos parar e refletir sobre os motivos de tanto sofrimento, angústia e desesperança dos jovens? E antes de tudo, precisamos entender que os recursos psicológicos dos adolescentes ainda se encontram em desenvolvimento, por isso eles vivem uma inconstância de sentimentos, variações de humor grandes e a conduta deles costuma ser movida por impulsos o que explica o porquê deles serem capazes de tomar atitudes extremadas em questões de segundos.
É comum eles raciocinarem e agirem com base no tudo ou nada. Para muitos deles, a noção de perigo não existe; tudo é tão intenso, tão grande e tão agora que eles podem partir rapidamente do pensamento à ação. E assim, quando a angústia parece não caber no peito e o vazio existencial se tornar insuportável, diante de tanta desesperança eles se deprimem, se isolam, se ferem, se mutilam, buscam viver experiências intensas abusando do álcool e usando drogas e já cansados de tantos conflitos emocionais, se matam para escapar do sofrimento de uma vida de impossibilidades que eles não dão conta de suportar.
Falar de morte ainda é tabu, mas precisamos falar sobre os sofrimentos psíquicos dos nossos filhos, sobrinhos, adolescentes próximos a nós e que têm levado muitos deles a por fim a vida. Sabemos que o suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou razão, mas a maioria dos casos está relacionada a transtornos mentais como depressão (que continua sendo a maior causa dos suicídios) ou transtorno bipolar, bullying, vazio existencial, sérios conflitos familiares, términos de relacionamentos amorosos, solidão, uso de drogas…
Alguns sinais ajudam a identificar os riscos de suicídio, tais como: o jovem começa a se colocar em situações de risco (dirigir em alta velocidade, abusar do álcool e das drogas); histórico de depressão e transtorno bipolar na família e a existência de casos de suicídio; mudanças acentuadas de padrões comportamentais; começa a doar objetos pessoais que antes lhe eram valorativos; longa crise de ansiedade seguida de um período de calmaria; isolamento social e familiar; vontade de sair abruptamente de um lugar, sem que haja uma explicação para isso e postagens nas redes sociais falando em desesperança, morte e despedidas.
Essa história de que quem quer se matar não fala, não é verdade. Fala sim! E a maioria das vezes dá muitos sinais e expressa sua intenção às pessoas mais próximas. Precisamos ficar atentos! Vamos chegar junto, ampará-las e buscar ajuda especializada, imediatamente. O melhor é agirmos preventivamente, conversando com os nossos filhos sobre o suicídio de adolescentes, ouvir o que eles têm a dizer a respeito desse assunto. Valorizá-los, acolhê-los e demonstrar nosso amor por eles, é a melhor forma de ensiná-los a validar a vida e dizer não ao suicídio!