Se você tivesse vivido no Egito antigo e fosse um faraó, esse adágio popular que diz que caixão não tem gavetas e que, portanto, você não vai levar nada de material quando morrer, não faria sentido algum, pois eles acreditavam que a morte era apenas uma passagem, que havia vida do outro lado e que, ao morrer, os faraós continuavam seu reinado numa outra vida. Por isso eles eram embalsamados e sepultados com várias posses e objetos pessoais – Tutankamon, o mais famoso dos faraós, conhecido como o Rei Tut (1346 a 1327a.C), foi encontrado dentro da tumba, num sarcófago de ouro maciço, coberto com uma máscara mortuária de ouro, assim como também eram de ouro o seu trono e diversas joias.
Como nós estamos em 2020 e não acreditamos que se leve os bens materiais acumulados para outra vida, mais do que em qualquer outro momento histórico, por estarmos vivendo uma pandemia e o dinheiro anda escasso para muitos, torna-se muito pertinente nos perguntarmos: Como é a nossa relação com o dinheiro? Como são as nossas condutas e hábitos diários que envolvam o comprar, gastar e ter? Nós gastamos mais do que podemos? Quais têm sido nossas prioridades de consumo? Espero que vocês também estejam se fazendo essas perguntas!
Na verdade, a nossa educação financeira (a forma como a gente organiza, planeja e controla o nosso dinheiro) é muito influenciada pelos ensinamentos recebidos desde a nossa infância, através do exemplo de como os nossos pais lidavam com o dinheiro – o Sr. Sequeira, meu pai, nunca comprou nada parcelado, se não tinha dinheiro para comprar à vista, não comprava; e, com certeza, por conta disso, eu fico muito intranquila quando devo algo ou alguém. Parece que ele está me olhando lá de cima e dizendo, paga logo isso, minha filha!
Ter uma relação saudável com o dinheiro é muito mais do que ter um controle dos nossos ganhos e gastos financeiros. Sabemos que o dinheiro é muito importante para a nossa sobrevivência, precisamos dele para lidar com a nossa realidade objetiva, para suprir nossos gastos com alimentação, moradia, educação, vestuário, saúde, lazer… O dinheiro em si não é bom e nem ruim, é necessário! A forma como nós o ganhamos e o gastamos é o que vai nos mostrar, e aos outros também, quem nós somos.
Os gastos precisam ser planejados de acordo com as necessidades, urgências e desejos e não apenas guardados para uma carestia futura. Tem gente que só pensa em economizar e guardar dinheiro para uma precisão na velhice, que ela própria não sabe nem se vai acontecer; é muito importante economizar para fazer algo de bom, que nos dê prazer e produza alegria para nossa vida.
Ficar endividado tira o sono, a paz e a tranquilidade de qualquer pessoa que tenha caráter e se preocupe com isso. Estabeleça como prioridade organizar a sua vida financeira, afetiva e emocional. Lembre-se de reservar tempo e recurso para viver o prazer, ter contato com a cultura e o lazer. E, sempre que puder, seja solidário com as pessoas que precisam de ajuda e seja grato pelo que você tem na vida.