Amar traz felicidade e pode dar certo, mas o amor não está disponível para todo mundo. A disponibilidade para amar deriva, principalmente, dos vínculos afetivos que vivemos na infância, quando internalizamos um código de afeto – se fomos acarinhados e valorizados será mais fácil nos vincularmos amorosamente com os parceiros. Tendemos a reproduzir nos relacionamentos amorosos o que vivemos na relação com nossos pais.
O mundo está sempre mudando ao nosso redor, mas algumas pessoas têm muita dificuldade em atualizar suas referências internas de afeto. Não conseguem compartilhar, fecham-se nos seus medos e angústias (que trouxeram de suas famílias de origem e de relações anteriores), se mantendo presos ao passado. Não se sentem suficientemente interessantes para despertar amor nos outros: vitimizam-se; não conseguem ouvir o que o outro diz, pois sentem-se cobrados em tudo e incompreendidos em seus sentimentos e ações; têm dificuldade em viver afetos, e por isso, aparentam frieza e insatisfação, embora, possam ser verdadeiros e leais. O amor não salva ninguém do individualismo e do vazio da sua própria vida e, só aprendendo a se amar é que aprende-se a amar o outro, o que não é nada fácil para alguém que é inseguro e desvalorizado emocionalmente.
“TUDO O QUE VOCÊ RESISTE, PERSISTE”
Relacionamentos amorosos não precisam ser referência de prisão, sofrimento e dor; também não é só prazer. Quando um casal termina uma relação que foi complicada e permanece num vínculo de dependência emocional, qualquer distância que um dos dois experimente (novos envolvimentos) é vivida de forma ameaçadora pelo outro, que sente estar perdendo o controle da situação – eu não te amo mais, mas não admito que você tenha deixado de amar. Enganam-se tentando estabelecer uma relação de cumplicidade e companheirismo que, se tivessem tido no passado, não teriam se separado. É preciso que haja maturidade emocional para se viver um afastamento e permitir que a vida siga seu rumo.
As relações terminam quando elas deixam de ser fonte de prazer. Amar é aceitar uma pessoa do jeito que ela é e não apostando que ele mude com o tempo (isso é uma forma de também se manter presa ao passado). Não que o outro e você não sejam capazes de mudar, mas se isso acontecer, que seja resultado de uma decisão pessoal de rever condutas e não uma imposição do outro. Não se muda por decreto! Amar é compartilhar a vida e isso não é possível quando tenta se transferir para os outros nossos incômodos, delegando a eles a responsabilidade pela nossa felicidade.
“QUERO UM AMOR MAIOR QUE EU”
Para viver um amor é necessário que ambos sejam capazes de se entregar e que: haja o desejo de ser especial para alguém; se aprenda com a convivência a valorizar o outro; se respeite desejos e necessidades; exista ternura na construção de um bem-querer; se valide o outro no que ele tem de melhor e, acima de tudo, que se preserve a identidade de cada um, garantindo o respeito pela diferença de interesses e objetivos, mantendo o desejo de fazer coisas em comum.
Nossas referências anteriores de amor, sejam vinculadas a nossa família de origem ou a outras relações afetivas do passado precisam ser entendidas e repensadas. Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas, inclusive pela repetição de padrões em nossas vidas. Para não repetir um modelo familiar infeliz, escolha vincular-se a um parceiro amoroso, que represente a esperança na sua vida, pois amar é permitir nos transformar no melhor que podemos ser. Que tal ter um grande caso de amor com a sua vida?