Todos os dias, em milhares de lares, esta cena se repete, a mãe (ou pai) telefona do trabalho para casa e pergunta: o que o meu filho está fazendo? Se a resposta for ‘”ele está sentadinho vendo televisão”, os pais ficam aliviados, pois não está havendo nenhum perigo. Na verdade, os pais incentivam as crianças a verem televisão (afinal, em casa ele fica protegido da violência da rua ou até mesmo de cair, se bater…) e só se preocupam quando a criança se recusa a sair da frente da TV… (só concorda em tomar banho depois do desenho, só almoça ou dorme vendo TV).
A televisão trouxe transformações marcantes no modo de vida, nos hábitos, na maneira de pensar e agir de todos nós. A cultura da mídia faz as pessoas enxergarem o mundo pela sua ótica, transmitindo valores, ditando regras, lançando modas, uniformizando comportamentos, modificando condutas…Como não temos o controle do que nossos filhos, especialmente crianças, assistem na televisão, eles ficam sujeitos à erotização precoce, à violência exacerbada (que para muitos passa a ser normal), ao consumo induzido… É preciso que os pais imponham limites e determinem regras, selecionando inclusive a programação a que as crianças tenham acesso.
EROTISMO X VIOLÊNCIA
Como não existe um horário destinado ao público infantil, as crianças assistem a programação normal, onde cenas eróticas e violentas estão presentes, fazendo com que algumas vivências sejam antecipadas, sem que as crianças tenham amadurecimento para conviver com isso. Dependendo da idade e da maturidade, às vezes, fica difícil distinguir ficção da realidade.
Em muitos programas (novelas, desenhos, filmes…), a violência é mostrada como algo aceitável e as crianças tendem a imitar o que vêem, além de passarem a ter muito medo do mundo que as rodeia (de serem roubadas, seqüestradas…). Mesmo nos desenhos animados, embora o bem sempre vença o mal, muitos personagens investem contra o bem com requintes de crueldade, fazendo com que as imagens do ódio e do sofrimento deixem marcas de medo no inconsciente das crianças. As crianças não são adultos em miniaturas e muito menos ficam passivas diante das informações, sendo, portanto, mais vulneráveis à violência, a uma formação emocional e sexual precoce e ao consumismo.
ESTABELECENDO LIMITES
A televisão não é a causadora de todos os males modernos, mas ela pode acentuar fragilidades, se não tivermos cuidado com a programação que nossos filhos assistem. Hoje em dia, é muito comum (numa determinada classe social) as crianças terem seus quartos equipados com TV, som, computador… e isso termina sendo motivo para que elas se isolem. Cabe, aos pais proporem alternativas mais interessantes, assim, dificilmente elas vão preferir ficar enfurnadas no quarto.
Brincar é fundamental para o desenvolvimento emocional e intelectual das crianças e, embora a Tv não substitua o brincar, é vista por elas como algo lúdico (tem emoção e uma comunicação rápida). Assistir TV junto com nossos filhos vai nos permitir discutir valores, ajudá-los a separar fantasia da realidade, superar seus medos , reforçar os laços de afeto e facilitar o diálogo familiar. Dessa forma, a TV passa a contribuir para o pleno desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Não basta ser pais, temos que participar (também brincando, incentivando o hábito da leitura, estabelecendo limites…) À propósito, as férias estão acabando, que tal começar a reajustar os horários e fazer as crianças dormirem mais cedo!