A população brasileira está mais longeva; a expectativa de vida média do brasileiro estimada pelo IBGE está em torno de 76,6 anos e, mesmo levando em conta dados de pesquisa recente que aponta uma perda de 3 anos de nossa expectativa de vida até 2021, por causa da pandemia da covid-19, ainda continuamos longevos. Segundo as projeções anteriores à pandemia no Brasil, em 2025, serão 64 milhões de idosos e, em 2050, um em cada três brasileiros será idoso. Nossos pais estão vivendo mais e nós também.
Envelhecer tem se tornado um processo difícil e delicado em nossa cultura, pois cada vez mais nos é cobrado rejuvenescer, ter mais cuidados com a aparência – é claro que é muito saudável a pessoa querer se cuidar, mas essa decisão precisa ser fruto de uma escolha pessoal e não de uma pressão social, sendo um direito de cada pessoa fazer o que quiser com o seu rosto e com o seu corpo, inclusive mantê-lo como é. O que está errado é não valorizar a sabedoria, a experiência, a paciência e a serenidade, valores mais característicos da velhice do que o de qualquer outra faixa etária.
Pela lei natural da vida, os pais costumam partir para outro plano espiritual antes dos filhos, portanto, muitos filhos lidarão com o processo de envelhecimento dos seus pais. A relação que os filhos têm com os pais idosos depende da forma como eles reagem diante do seu próprio envelhecimento; quem não aceita as marcas do tempo no seu próprio corpo, vai negar o processo de envelhecimento dos pais.
Na velhice não só a aparência muda, a idade traz limitações que não controlamos e assim, tarefas simples do cotidiano ficam prejudicadas, o que constrange os idosos. As inseguranças e as angústias afloram, a saúde fica afetada (coração, articulações, coluna…), ocorrem falhas de memória; o equilíbrio e os reflexos deixam de funcionar de uma forma satisfatória; o raciocínio fica mais lento; a energia e o vigor tornam-se fatores limitantes e os idosos se calam e se isolam. Distúrbios psicológicos como ansiedade, fobia social e depressão tornam-se mais constantes.
Com a pandemia a vida ficou mais difícil para todos nós. Os idosos, por serem grupo de risco, viveram muitos lutos de familiares e amigos e muitos também perderam os (as) companheiros (as) de vida e essa é uma situação muito dolorosa, mesmo que a convivência do casal tenha se tornado difícil com o passar do tempo, eles sentiam-se amparados com a presença do outro.
Precisamos todos, especialmente os familiares, dar colo, carinho e aconchego para os nossos idosos. Sejamos pacientes e afetuosos com eles, pois é por meio do afeto que nós revelamos os nossos sentimentos e estabelecemos bons laços de convivência. É sempre bom lembrar que eles já fizeram muito por nós, assim, vamos lhes dar os cuidados que merecem, assim, quem sabe no futuro, os nossos filhos aprenderão com o nosso exemplo e repetirão conosco o mesmo gesto de amor, respeito e acolhimento que tivemos com nossos pais e demais pessoas significativas em nossas vidas.