A infância é a fase do desenvolvimento em que as crianças aprendem a explorar o mundo, sendo comum, que elas misturem fantasia e realidade, especialmente dos 3 aos 7 anos. O exercício da fantasia é muito importante porque é através dela que a criança tem possibilidade de viver personagens e ensaiar circunstâncias que não poderá viver no cotidiano como ser rei, rainha, guerreiro, astronauta, modelo, cantor… e isso é fundamental para o seu desenvolvimento maturacional e para o ensaio da criatividade, funcionando como uma espécie de treino para a vida adulta.
Embora na fantasia as situações não sejam reais, a emoção vivida pela criança o é; trata-se de uma realidade única, que é só dela… ou que apenas “esqueceu de acontecer”. Também é comum a presença do “amigo imaginário” que tende a desaparecer quando a criança passa a conviver com os “amigos de verdade”. Agora, se a criança mente com o propósito de se livrar de algo que ela não quer fazer (já fiz o dever), para se livrar de alguma responsabilidade (não fui eu), para descarregar sua raiva e prejudicar alguém (muitas vezes um irmão)… é preciso que os pais deixem bem claro que não é correto agir assim. Deve-se explicar-se com firmeza todas as possíveis conseqüências de sua atitude.
Foi brincadeira, mamãe!
Quando é pega na mentira, muitas vezes, a criança tenta se defender dizendo à mãe que foi tudo uma brincadeira. Acontece que as crianças costumam ser tão intensas nas suas brincadeiras e fantasias que nem sempre é fácil perceber quando é verdade, quando é imaginação ou quando é mentira. Se você tem dúvida sobre a veracidade de uma história contada por seu filho, tenha cautela e cuidado ao procurar esclarecer a situação: não o pressione e tente conversar com calma e naturalidade sobre o assunto; ouça atentamente a história contada por ele; faça perguntas esclarecedoras. Fique atenta ao não verbal da criança – se ela demorar a responder, se desviar o olhar, se gaguejar; depois de algumas horas, peça a ela para contar a história novamente, para verificar se ela conta a mesma versão ou modifica alguns fatos ou detalhes.
Em qualquer circunstância, não se deve chamar a criança de mentirosa e nem lhe impor castigos pesados por ter mentido, pois isso, além de não resolver o problema, pode inibir a criança de falar a verdade. Se ela perceber que os pais vão agir com muita rigidez tende a ficar acuada, com medo de assumir seu erro e de ser severamente castigada. Apesar do ditado popular que diz que “Quem fala a verdade não merece castigo” é preciso deixar bem claro que falar a verdade não livra ninguém da responsabilidade, mas ameniza a pena.
A imaginação fértil das crianças
Mesmo sabendo que as crianças costumam ter uma imaginação muito fértil, fique atenta e tenha cuidado se perceber que seu filho está fantasiando ou mentindo excessivamente, especialmente se isso ocorrer depois dos 10 anos, quando a criança já sabe distinguir perfeitamente o que é verdade e o que é mentira. Chegue junto e tente entender o que está acontecendo. Precisamos ter cuidado com a MITOMANIA: a tendência doentia em mentir.
Por outro lado, as crianças que convivem com a mentira dentro de casa tendem a imitar o comportamento dos pais. Dê bom exemplo! Não minta para seus filhos (e se possível, para ninguém) e não peça que ele lhe ajude a mentir (filho, diz que eu não estou). Explique que as únicas mentiras aceitáveis são aquelas que têm o objetivo de não constranger ou magoar alguém (ex.: agradecer por um presente de que você não gostou).
Educar filho dá trabalho. Tenha atitude e ensine seu filho a viver no mundo da verdade