“A INTERNET ESTÁ DOENTE”

Esta frase – a internet está doente – foi repetida centenas de vezes, por pessoas famosas e anônimas, nas redes sociais, em função do suicídio de Lucas Santos, de 16 anos, filho da cantora Walkyria Santos, no dia 3 de agosto. Lucas foi encontrado morto em sua casa, em Natal (RN), após sofrer ataques homofóbicos no aplicativo TIKTOK. O que era para ser uma brincadeira de adolescentes com os amigos, algo que tinha o objetivo de ser engraçado virou uma tragédia em função de tantos comentários desumanos e cruéis que foram postados.

Segundo Walkyria, Lucas não era gay (e se fosse?) e chegou inclusive a postar outro vídeo pedindo desculpas pela publicação, dizendo que era hetero e que tudo não passava de uma brincadeira, mas as ofensas não pararam e, em razão de tanto escárnio, humilhação e sofrimento, o jovem de 16 anos interrompeu o ciclo da sua vida para por fim a dor que sentia por não ver mais perspectiva de se livrar de tanta maldade. O fato de alguém precisar dizer que era hetero para não ser trucidado e agredido é desumano e cruel.

O discurso de ódio legitima a homofobia e tem impacto real na vida das pessoas.  Lucas, infelizmente, foi mais um jovem que não resistiu à crueldade de pessoas preconceituosas. Nos últimos 10 anos aumentaram em mais de 40% os casos de suicídio de adolescentes – os recursos psicológicos dos adolescentes ainda se encontram em desenvolvimento, por isso eles vivem uma inconstância de sentimentos, grandes variações de humor e a conduta deles costuma ser movida por impulsos, o que explica o porquê de os adolescentes serem capazes de tomar atitudes extremadas em questão de segundos.

Até quando esses atos de crueldade vão continuar acontecendo em nosso país? Até quando nós, como sociedade, vamos continuar aceitando que essas coisas aconteçam porque não foi com o filho da gente? Quando as pessoas vão entender que homossexualismo não é doença e nem questão de opção individual e sim, algo que se impõe na vida de algumas pessoas e, que por mais que elas tentem não conseguem esconder de si mesmas a sua identificação sexual. Se as pessoas pudessem escolher seriam hetero, pois assim não teriam que lidar com o preconceito, a frustração e a rejeição.

Então, por que muitas pessoas precisam se irritar tanto com qualquer coisa que lembre a vida de uma pessoa gay? Por que não conseguem lidar com notícias de casamento entre homossexuais se isso não faz parte da sua vida, se ela não é o noivo ou a noiva? Carl Gustav Jung, brilhante psiquiatra e psicoterapeuta suíço nascido em 1875, já postulava que “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão acerca de nós mesmos”.

E como dizia o poeta Fernando Pessoa “O amor que é essencial, o sexo um acidente: pode ser igual ou pode ser diferente”. Homofobia é crime! Precisamos respeitar as diferenças!

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