A ILUSÃO ALIMENTA A ESPERANÇA

Para quem não quer ver, para que serve uma estrela? Este é um antigo provérbio cigano que poeticamente define muito bem o que é a ilusão. Saber lidar com essa confusão de sentidos que provoca uma distorção na percepção e nos faz ver as coisas diferente de como elas são na realidade, acreditar no que não existe e nos induz a ir além dos limites do possível e, às vezes até do imaginável, não é uma tarefa fácil, especialmente para aquelas pessoas que não costumam ter muita atitude diante da vida e, por isso, se contentam em viver no mundo das intenções e não no das ações.

É através da percepção dos sentidos que nos conectamos com o mundo. Com certeza, a vida sempre nos mostra os caminhos, aponta pistas, revela senhas, denuncia intenções, mas, muitas vezes, as pessoas não querem ver e aí os sentidos falham porque o olhar e a escuta estão contaminados pelo desejo e, por conta disso, terminam valorizando detalhes muito pequenos e que só merecem ser percebidos dentro de um contexto,  não valorizados como um gesto isolado. É sempre bom lembrar que as exceções só existem para confirmar as regras e não o contrário.

OLHAR COM NOVOS OLHOS

                Quantas vezes você já ficou presa em uma história amorosa que não ata e nem desata, que parece ser uma possibilidade e não passa de uma ilusão?  Aquele alguém interessante, que toda vez que lhe encontra se derrama em gracinhas e elogios para você, cria o maior clima de romance, mas tudo é sempre tão volátil que, ao se despedirem, fica sempre a sensação do “a gente se vê por aí” e um “eu te ligo para marcar alguma coisa” que nunca acontece… Pois é, esqueça! Não gaste energia pensando nele como possibilidade amorosa e comece a prestar mais atenção no que ocorre a sua volta. Somente deixando de pensar no outro é que seus olhos poderão percorrer distraídos o ambiente e descobrir novas paisagens.

Fique atenta! Quem realmente quer faz as coisas acontecerem. Quem tem interesse mostra a que veio: investiga, descobre, insinua, telefona, combina, marca, arma, se faz presente, chega junto e tem atitude. Tudo só acontece em função de atitudes! Os encontros na vida da gente podem acontecer por acaso, mas para haver permanência precisa de decisão. Se por descuido ou poesia você acredita que uma determinada pessoa vai acontecer na sua vida e transforma essa ilusão em felicidade, é melhor você observar as circunstâncias, as possibilidades e o tempo em que tudo poderia acontecer e não aconteceu.

SEI LÁ, SEI LÁ…

A vida não dá certezas para ninguém, mas oferece infinitas possibilidades; é só ficar atenta e receptiva ao novo e ao inesperado. Apesar disso, as coisas são o que podem ser. Você precisa se convencer de que a esperança pode até ser a última que morre, mas morre. Enquanto você estiver presa à ilusão a vida acontece lá fora e você pode não estar aproveitando as possibilidades e delícias do viver. Você vê o tempo passar e não faz as coisas acontecerem.

A ilusão sem dúvida alimenta a esperança e até pode representar felicidade, mas não se sustenta por muito tempo; tem uma hora que você cansa de esperar por algo que não acontece. É preciso que haja concretude de gestos e atos para que alguém se sinta incluído, desejado, aconchegado, cuidado e amado. O resto é abstração, sonho, fantasia e desilusão e isso não garante a felicidade de ninguém. Desejo sem ato é ilusão. E a vida, como disse o inesquecível Tom Jobim “Sei lá, sei lá… A vida é uma grande ilusão, só sei que ela está com a razão”.

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