A culpa é um dos sentimentos mais difíceis de se lidar pois é doloroso você se sentir responsável por provocar danos, mesmo que intencionais, a outra pessoa. A culpa é uma voz interior que lhe lembra, à toda hora, um erro que você não se perdoa por ter cometido e que gostaria muito de esquecer; sofremos e nos sentimos culpados pela certeza de que fomos incapazes de agir de forma diferente em uma determinada situação e isso trouxe conseqüências que, nem sempre, podem ser corrigidas e reparadas, para nós mesmos e para os outros.
A culpa é um sentimento importante pois nos permite aprender a lidar com nossas imperfeições, com a frustração que provocamos nos outros por expectativas não correspondidas a nosso respeito e com o nível de exigência que depositamos nos outros e em nós mesmos. Só sente culpa quem tem caráter e se importa com os outros.
Erro e culpa são coisas diferentes
A culpa é uma conseqüência da forma como lidamos com os nossos erros, de nossas exigências perfeccionistas e de nossas cobranças internas. Errar é uma prerrogativa humana e que nem sempre nos remete a um processo íntimo de angústia, pois nem todo erro provoca culpa. Mas, quando uma falha nossa acarreta prejuízos ou danos a outras pessoas, a culpa funciona como uma punição e exige de nós mesmos uma postura de reparação (o que eu preciso fazer para demonstrar meu arrependimento, tentar remediar o que aconteceu para que eu possa merecer ser perdoado). Mas, antes de busca o perdão dos outros é necessário que a gente possa se perdoar por nossas imperfeições, por nossas limitações e pelo que não conseguimos fazer de forma diferente.
Algumas pessoas tem extrema dificuldade em assumir suas falhas e tendem a responsabilizar os outros pelos seus erros, como forma de fugir do sentimento de culpa. Agindo assim, estão perdendo a chance de aprender com seus erros, repensar a vida, seguir em frente, crescer e se tornar uma pessoa melhor.
É mais fácil responsabilizar os outros…
A novela “viver a vida” traz em sua trama central um história de culpa: a modelo Luciana (Alinne Moraes) sofre um acidente de ônibus que a deixa tetraplégica. Presume-se que nada teria acontecido com ela se não tivesse sido expulsa do carro em que viajava junto com a esposa de seu pai, Helena (Taís Araújo), após uma discussãoem que Lucianaa acusa de ter feito um aborto… Helena sente-se culpada pelo acontecido. Tereza, mãe de Luciana, a responsabiliza pelo acidente da filha por não ter cumprido o compromisso assumido com ela, de cuidar de Luciana… Nessa trama toda, de quem é a culpa pelo acidente de Luciana, se é que alguém tem culpa? De Helena que não agüentou os caprichos e hortilidades da enteada e decidiu não tê-la como companhia no carro? Dos pais dela que não souberam lhe impor limites? Dela mesma que não aprendeu a respeitar os outros e a lidar com as diferenças? Com certeza, a culpa não é de Helena, a personagem com mais caráter nessa história… O acidente foi uma fatalidade!
Nós fazemos escolhas em nossa vida e, quando a emoção nos impede de avaliar corretamente a realidade objetiva, as chances de cometermos erros e nos arrepender depois são enormes. Se você reconhece que errou, reavalie sua conduta e, se necessário e possível, veja o que você pode fazer na tentativa de repará-lo. Saiba que a culpa é uma forma de nos mantermos fixados no passado… Siga em frente e se comprometa a construir uma vida melhor, para você e para quem estiver ao seu lado. Suas decisões e atitudes sempre influenciarão o seu futuro!